sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Mas não esta

Nos muros da Augusta, um estêncil define por mim: "passaria uma vida ao seu lado, mas não esta".


Não esta, meu bem. Nesta eu fui feita pra voar. Você não voa, você se plantou de peso ao chão. Achei que eu pudesse te acompanhar, passar a vida assim, mas, meu bem, eu preciso flutuar. Preciso sair desesperadamente por aí e isso significa bater nas coisas, causar tumulto, me machucar. Eu, que sempre pensei preferir o sossego, mas descobri que ao seu lado não há sossego, é só marasmo e covardia e dentro de mim a vontade inquietante de descobrir o mundo todo recobre meus 1,55m e já é pesada demais pra pousar deitada sobre o seu peito. Eu preciso arriscar, me quebrar, me refazer, reaprender e quebrar de novo pra me sentir inteira. Do seu lado, a covardia sufoca a vontade. Você, que nem foi capaz de se entregar, que prefere o certo e o seguro ao invés do amor. Você, que me queria apenas se eu fosse o que eu não sou.

Mas eu sei que passaria uma vida ao seu lado, fazendo todas aquelas coisas que eu te escrevei. Sei que viveria ao lado teu porque toda semana você aparece pra mim em sonho e eu acordo querendo saber como você está. Poque eu tenho essa necessidade e mesmo sabendo que hoje somos dois estranhos mas que de alguma forma estão ligados. Eu passaria uma vida inteira olhando as covinhas do seu sorriso, mas não esta, meu bem. A angústia instigante das coisas que eu não sei, e são demais de muitas, não me permitem ficar parada te observando. Você sabe, eu nem acredito em outras vidas, mas gosto de acreditar que reservaria uma delas pra viver ao seu lado. Mas esta não, meu amor. Esta foi feita pra voar.

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